domingo, 28 de julho de 2013

Quando o intolerar se torna mais que ridículo, infantil

Por mais que vivamos, seremos sempre confrontados com situações em que a realidade supera a nossa imaginação. Pode parecer uma frase batida, uma forma cativante de dar corpo ao início de um pequeno texto. É-o, claro. Mas não o é apenas.
Neste momento revejo as provas de um livro que sairá em breve. Com o José Eduardo Franco  recolhemos um grupo largo de textos portugueses que são instrumento hábil para fomentar uma educação para o diálogo ou, pelo menos, para a tolerância.
Mas este momento recorda-me uma situação que me apeteceu transmitir aqui, numa vivência na primeira pessoa.
Já lá vão uns anos. Talvez uns quatro.
Eu tinha ido há pouco tempo ao Brasil dar aulas a uma turma de Pós-Graduação em Maceió. A experiência fora excepcional e, felizmente, dessa turma já vieram defender Dissertação de Mestrado quase meia dúzia de alunos, todos com trabalhos excelentes.
Mas não é sobre estes alunos de altíssima qualidade que o meu episódio se centra. Quem dera!
Regressado do Brasil, passados uns meses, fui visitado em Lisboa, por um dos professores brasileiros desse curso que vinha acompanhado por um grupo de Pastores. Vinham fazer um périplo por Portugal. Não me recordo se iriam a algum outro país europeu.
Recebi-os na universidade e, como no dia seguinte íamos fazer uma visita de estudo à Mesquita, fiz o convite que, de imediato o meu colega brasileiro aceitou.
No dia seguinte, pela hora combinada, todos se encontraram à entrada da Mesquita Central de Lisboa. O convite era para assistir à oração que teria lugar por volta das 13h. Tal como faço sempre com os meus alunos, fomos mais cedo para se poder comer no refeitório da própria mesquita, o que é um evento em si, que recolhe inequivocamente o agrado de toda a gente.
Mas desta vez foi diferente.
Na véspera, um colega meu na Un. Lusófona, e pastor, estivera com ele. Foram visitar a igreja que ele dirigia na altura. Espantado com o fundamentalismo de alguns elementos do grupo, quando soube que eu os levaria à mesquita, lembrou-se de fazer a seguinte experiência: no momento em que eu os dirigia para o refeitório, ele ligou a um deles, perguntando.lhe se iam comer com os infiéis...
Depois de uns segundos de hesitação, seis deles decidiram, de um momento para o outro, que não tinham fome.
Tantas vezes eu recordo esta situação ridícula quando revejo textos sobre tolerância....

1 comentário:

  1. A culpa, penso eu, é da educação judaico-cristã que nos está arreigada desde o estudo da nossa história na instrução primária. Os "mouros" foram sempre os maus da fita quando as pessoas se esquecem que eles estiveram na península perto de 1100 anos e que nós os escorraçamos aliás, não muito "brandamente". Conheço o Sheik Munir desde o tempo em que o meu filho andou a aprender árabe lá na mesquita. É uma pessoa bem formada e totalmente tolerante. Assim fossem os cristãos.

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