sábado, 6 de dezembro de 2014

Em tempos de morte da natureza, a ideia de renascimento

Desde a mais remota Pré-História que o marco geométrico da duração do dia deveria ser sinónimo de práticas religiosas muito importantes. Nas regiões mais a Norte da Europa, onde no Inverno o Sol se punha durante semanas a fio, eram enviados verdadeiros heróis para o cimo das mais altas montanhas para que testemunhassem o regresso do astro rei.
Também na Mesopotâmia, da qual somos em muito herdeiros, era em torno do dia mais curto que se celebravam algumas das festividades mais significativas. Naturalmente, o dia mais curto anunciava o nascer de uma época nova em que o Sol voltava a dominar crescentemente o horizonte, vindo cada vez mais os dias longos. A noite mais longa, era também a marca do fim do seu reino e o prenúncio da vitória do Sol e da luz.
No tempo de Jesus, a data do solstício de Inverno era marcada pela principal festa em honra de Mitra, o deus Princípe do Bem, oriundo do panteão persa e elevado a uma das principais divindades cultuadas no Império Romano.
O dia do Sol Invicto será, ainda em Roma, a festa que evoluirá, em grande medida, das Saturnálias, em honra de Saturno, para o culto ao Imperador.
 
No universo, venera aquele que está mais alto; nomeadamente, Aquele a que tudo o resto serve, e que dita a lei para todos. Da mesma maneira, venera o mais elevado em ti mesmo: ele constitui, com o Outro, uma só peça, uma vez que em ti próprio também reside aquilo a que tudo o resto serve e pelo qual se rege a tua vida.
Marco Aurélio, Meditações, livro 5, 21.
 
Esplêndido te ergues no horizonte do céu
Ó Aton vivo, criador da Vida;
Quando surges no horizonte do oriente,
Enches as terras com a tua beleza.
Tu és belo, grande, radioso,
E estás acima de todas as terras;
Os teus raios envolvem os países
Até ao limite da tua criação.
Ré, dominas as suas fronteiras,
Submete-los ao teu amado filho;
Embora estejas longe, os teus raios tocam a terra,
Ainda que te vejam, ocultos são os teus caminhos.
O Grande Hino a Aton
Túmulo de Ai, parede ocidental.