A poucos dias desta que será a primeira visita ao estrangeiro de Leão XIV, importa um olhar que procure compreender as razões para esta visita à Turquia e ao Líbano.
A mais óbvia, e já em si muito importante, encontra-se no aniversário do Concílio de Niceia (no ano de 325, convocado pelo Imperador Constantino), o marco fundamental na criação de uma ortodoxia no cristianismo, até essa data tão marcado por inúmeros movimentos com grandes clivagens teológicas entre si.
Mas Niceia não é apenas um ponto de partida do que podemos designar por Igreja Católica. Niceia é o denominador comum entre o Catolicismo, as Igrejas Ortodoxas e as Protestantes. Ir a Niceia é um ato ecuménico de afirmação do básico e essencial. Esta viagem é a procura de um encontro com o antes de todas as divisões.
É claro que cabem, e com razão, todas as reflexões e interrogações sobre o movimento ecuménico lançado pela Igreja Católica após o Concílio Vaticano II, mas estamos, sem dúvida, perante um gesto de busca de pontes como, aliás, o próprio logotipo da visita aponta.
As mesmas razões, agora toma das de forma diferente, são centrais na visita ao Líbano, possivelmente o país mais multirreligioso da região. Além de diferentes e várias tradições religiosas, o cristianismo encontra-se presente milenarmente no Líbano, com importantes comunidades (Maronitas, entre outros).
Hoje, num quadro em que esta religião é perseguida em tantas geografias, com destaque para o Médio Oriente, esta visita é reforçada com essa mensagem que, ao diálogo, soma a tolerância que marcou tantas vezes a região, mas agora se acha fragilizada.