domingo, 17 de agosto de 2025

Um local de “dormição”. O Mosteiro Ortodoxo (Romeno) da Dormição da Mãe de Deus, em Idanha-a-Nova


No meio da paisagem aparentemente monótona da Beira Baixa, entre afloramentos graníticos dignos de sagas cinematográficas que nos fazem crer que existem dragões, e um ou outro pinheiro, oliveira, sobreiro ou carvalho, que insistem em dar sombra a algum grupo de gado nestes dias abrasadores, o Mosteiro Ortodoxo da Dormição da Mãe de Deus, em São Miguel d’Acha, Idanha-a-Nova, é um paraíso que qualquer um pode encontrar.

Nestes dias em que tudo arde em Portugal, das matas à nossa confiança, entrar no espaço envolvente deste mosteiro é como que sair do tempo e do espaço profano e encontrar guarida numa pequena mancha de terreno onde tudo está cuidado, qual natureza transformada em cantinho do Éden.

Caminhos, canteiros, bancos, edificações, tudo é orgânico e nos conduz à igreja de onde, ainda ao longe, ouvimos o cantochão que nos mostra que um ofício está a decorrer. Mais nada se ouve, a não ser essa música. Uma ou outra roseira capta o nosso olhar nesse caminho, mas a direção está definida. Aproximamo-nos e, do lado de fora da porta, ficamos a ouvir.

Entramos uns minutos mais tarde, quando o ritual termina e as pessoas começam a sair. É paz o que se sente. É serenidade o que vemos nos rostos que, sem hesitação, nos acolhem e nos dizem, num castelhano que nos deixa espantados, que podemos entrar, ver, estar.

Comentamos com eles esse sentimento de calmaria que corre no ar, infundido, não só pela música que acabara de terminar, como pelo incenso que ainda estava intensamente no ar. Pertencente à Diocese de Portugal e Espanha do Patriarcado da Roménia, este espaço acolhe os visitantes de uma forma aberta e com um espírito apaziguador.

Visitámos o templo, ricamente pintado, onde o Bispo da Ibéria, Vigário desta Diocese que não segue as fronteiras do mundo dos humanos, ainda se encontrava a acolher quem tinha participado na liturgia.

Deixados os metais à porta, despojados das tensões do exterior, esta visita foi o bálsamo perfeito para nos recentrar no fundamental.








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