Esta manhã tive o imenso prazer de estar na cerimónia de comemoração dos 40 anos de ordenação pastoral do José Brissos-Lino, meu colega na Universidade Lusófona, durante largos anos, Diretor do Mestrado em Ciência das Religiões e, felizmente, meu grande amigo.
Convidou-me para proferir umas breves palavras nessa cerimónia e, com toda honra, respondi positivamente ao convite. À hora combinada cheguei à Igreja do Jubileu, em Setúbal, uma igreja com presença importante na cidade, fundada em 1947, onde o José Brissos-Lino tem sido o responsável pastoral.
Recebeu-me calorosamente e, depois de me oferecer um café, pois somos dois inveterados nessa bebida sem a qual nenhum dia ousa ter início, levou-me a dar uma breve volta pelas instalações, aliás, excelentes.
Sem lugar de destaque, no corredor que dá acesso á escadaria que nos conduz ao piso onde se situa o salão de culto, duas fiadas de fotografias chamaram a minha atenção. Alinhadas, cada moldura tinha uma fotografia de um menino ou menina, com o seu nome e uma breve descrição. Crianças apoiadas por uma "missão" desta igreja, em que os membros enviam regularmente meios financeiros para suprir as mais as suas básicas necessidades.
A Igreja do Jubileu patrocina financeiramente 35 das 70 crianças de um orfanato, dirigido por Rupali Sarkar e marido e se localiza na região de Khulna, Bangladesh. É um trabalho que leva já cinco anos que tornaram a vida destas crianças menos pesadas.
No Bangladesh, apesar da Constituição o não permitir, entre a população hindu ainda se vive debaixo do criminoso regime de castas, levando parte da população, das castas mais baixas, a uma vida profundamente miserável. Estas crianças são de famílias marcadas, desde há gerações, por essa visão do Ser Humano, que retira a parte deles a mínima dignidade.
Cruzando oceanos e continentes, mas cruzando também preconceitos, esta igreja mostra-nos que nem toda a realidade religiosa cristã evangélica alinha com as posturas radicais e tantas vezes, mais que racistas, pouco cristãs.
A Igreja Jubileu está de parabéns por este gesto que merece ser conhecido, divulgado, para se saber que sim, também aqui é Bangladesh, exatamente como J. F. Kennedy afirmou há já largos anos que também ele era berlinense.
Seremos sempre aqueles que nos façam humanos.
Obrigado!
