O início do Ano Novo na tradição judaica encontra-se
profundamente ligado à ideia de renovação. Normalmente, os calendários
encontram muitas vezes ciclicidades ligadas ao mundo agrário, aos ritmos da
natureza, às ideias de renascimento e de morte, seguindo as estações do ano. No
caso judaico tal pode acontecer, mas o sentido profundo teológico encontra-se
na própria ideia de Criação do Mundo.
De facto, as tradições rabínicas colocam a abertura do ano
nesta data porque é aí que, interpretando os Textos Sagrados, a Torah, se
definiu ter sido criado o mundo. Assim, este início de ano é um momento
absoluto e único que, não apenas marca e festeja essa data primordial, como
liga toda a comunidade ao que de essencial ela representa. No livro de Levítico
23: 24, na referida Torah, fala-se no dia Dia da Aclamação. O sentido é o de
ligação ao momento primeiro da Criação e, obviamente, ao próprio Criador.
Assim, este dia é, verdadeiramente, o momento de reflexão e
de balanço de todo o ano anterior. No primeiro dia do ano dá-se início a todo
um período de meditação em torno das falhas marcadas, muitas vezes, pelas
imagens das desobediências e dos erros dos personagens do Génesis bíblico, seja
Adão e Eva, ou mesmo Caim.
Passagem de um ano a outro, para algumas tradições, este dia
é o Dia de Julgamento, o dia em que o Criador faz o balanço entre os justos e
os ímpios. Na espiritualidade de cada um, este primeiro dia do ano abre dez dias
de reflexão que terminam no Dia da Expiação, o Yom Kippur.
O Ano Novo judaico, mais que um evento de celebração, com os
seus rituais e orações próprias, é um tempo de meditação, de balanço e de
avaliação.
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