É uma daquelas verdades comuns: em Portugal não há tradição de diarística. É verdade, e bem que o é. Falta-nos memória e falta-nos reflexão sobre o nosso próprio caminho, as duas vertentes mais óbvias que nos dá esse hábito de durante uns minutos por dia deitar cá para fora o que nos vai na alma, mais ou menos seguindo o que esse mesmo dia nos ofereceu.
Para mim, o que me interesse neste exercício novo que, admito, não sei até onde levarei, é a necessidade que tenho de regressar a mim. Preciso de mim, de me centrar, de me encontrar. De me re-conhecer ou, melhor, como os franceses dizem, de re-nascer comigo novamente, de me «re-connaitre».
Passo muito tempo a pensar comigo mesmo, até a falar com os meus botões. Mas tudo o vento leva, toda a onda que surge apaga mais um pouco dessa escrita mágica na areia, essa forma tão directa de se chegar às essências das coisas.
Escrita na areia. Essências. Afinal talvez tudo não passe de uma procura de validação de um futuro. De procura de respostas para o que parecendo acaso, talvez o não seja.
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