terça-feira, 7 de maio de 2013

aPOCALIPSE, ao contrário


Diz-nos um texto sumério que, no princípio, ditaram os deuses que o Homem lhes fosse submisso. Em contra partida, e de forma aleatória e nada regular, eles ser-lhe-iam propícios, e disso deveriam ficar gratos. E tendo sido assim, ambos acharam bem por não conseguirem imaginar que fosse de outra forma. E ficaram todos contentes porque parecia bom.
Deuses e Homens irmanados na mesma desgraça: a uns tolheu-os a incapacidade de coisa alguma fazer porque tudo lhes faziam sem exigência; os outros, nada fizeram porque para isso não estavam instruídos. Incapazes de perceber que quem comandava, afinal não o fazia porque nunca aprendera a comandar, seguiram à tona de água, se bem que com muitas intempéries e naufrágios que mais foram vividos como dilúvios.
E assim chegaram, uns e outros, ao quase nada, ao tão pouco, que tem sido o esforço que mutuamente fizeram por si mesmos. Num qualquer momento em que se aproxime o fim dos tempos, quando o dia final vier colocar o seu ponto no extremo da linha em que correm, nada haverá para dizer, senão o lamento por ter aberto os olhos.
Apocaliptico o discurso? Sim, inevitavelmente negro e sombrio. Afinal, quem melhor que os deuses poderia ter compreendido que todos eram o mesmo? Agora, volvidas muitas eras, basta olhar para trás e chorar. Afinal, os filmes em nada foram diferentes da realidade: efémeros e sem continuação na vida real. Quem dera que o mito tivesse um lugar. Sim, esse. O da realidade!

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