Quem me conhece não achará muito estranho...
Em dias como os que correm, sinto o que é ser um pedaço de metal. Sim, um pedaço que sente aproximar-se o momento da fundição, seja ela a primeira ou já uma segunda em virtude da reutilização.Não sei como será por tarde de um naco de ferro, ou mesmo de um tacho de alumínio. Mas o que sei, pela minha prática de tempos quentes, é que o calor se nos entranha de uma forma que chega, mesmo, a dissipar a nossa natureza. Ao contrário do metal, a nós apenas não nos leva a uma plena fluidificação. Mas andamos lá perto.As nossas formas parece que se desagregam. O nosso corpo deixa de reagir. Os líquidos passam a dominar a nossa superfície. O calor é a mãe de todas as deformações a que assistimos. Diz a Física que tudo se passa no campo da energia e da movimentação dos átomos.Pois digo-vos eu que nada disso acontece. Tudo tem a ver com uma dimensão esquisitóide em que o calor suscita em nós o desejo de esgotamento. Se aos átomos é dada maior energia, implicando mais movimento e mais vigor, pois a nós, humanos de átomos também feitos, tudo ocorre da forma inversa: o movimento é tudo o que perdemos.À noite, com uma aragem, uma brisa, a vida regressa ao corpo. Começo a controlar melhor os movimentos. E mesmo o cérebro parece largar, finalmente, a hibernação em que se lançara devido à temperatuda elevada.Nunca mais chega o Inverno....
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