terça-feira, 7 de maio de 2013

Obama e o terror religioso


“A árvore da liberdade tem de ser renovada, de tempos a tempos, com sangue de tiranos e patriotas” 
T. Jefferson

Para muitos, estamos a viver tempos de apocalipse. De resto, o regresso a essas visões do mundo é recorrente e enquadra alguns aspectos comuns. Um deles, convenhamos, é o de nascerem nos EUA. Terra onde nasceram grande parte dos fundamentalismos cristãos contemporâneos, o American Dream está constantemente entrincheirado entre visões que, mais que o negarem, lhe retiram o oxigénio tão necessário à Liberdade que canta.
Hoje, no Verão de 2009, vivemos mais um desses momentos. A literatura que podemos encontrar na internet sobre o presidente Obama enquanto Anti-cristo, demónio, ou um destruidor dos valores messiânicos da América, é num volume assustador e numa variedade que nos deixa perplexos.
Obama é ameaçado de morte por manifestantes, por intervenientes em programas de televisão, etc, etc, etc. O clima de tensão entre os meios religiosos mais extremistas vai-se alimentando numa espiral que ninguém pode saber onde vai terminar.
A frase de Jefferson, que Timothy McVeigh pintara na t-shirt que vestia quando foi executado pela autoria dos atentados de Oklahoma, vai-se repetindo em tom de ameaça: “A árvore da liberdade tem de ser renovada, de tempos a tempos, com sangue de tiranos e patriotas”.
A mistura é explosiva e reúne a cor e o local de nascimento de Obama (será mesmo americano?), a fobia homossexual e o trauma comunista, tudo muito bem condimentado com uma visão conspiracionista que, como se sabe, nunca pode ser efectivamente contrariada porque a sua natureza reside exactamente nisso, é obscura e escondida.
É fácil encontrar sites de grupos religiosos cristãos fundamentalistas onde se diz que o presidente é racista e que quer lançar o país em Estado de Sítio para o poder manobrar e, afirmam, destruir.
É uma visão de fim dos tempos de uma nação que viu nascer muitos dos grupos religiosos que hoje em dia dizem que o fim do mundo está próximo, numa tradição apocalíptica que vem desde os movimentos adventistas de meados do século XIX.
Mas mais que perceber este clima de terror, que poderá, no limite, culminar com uma tentativa de assassínio presidencial, o que nos deve interessar neste momento é um dado tantas vezes escamoteado na política europeia: algumas ideias religiosas podem dirigir o mundo.
Não tenho medo das ideias religiosas, mas sim dos seus fundamentalismos que não olham a preço para destruir o mundo, criando o “seu” mundo. Porque, sim, não tenhamos dúvidas, estes fundamentalistas americanos acusam Obama de querer destruir os EUA, mas eles é que os irão destruir.

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